Um milagre aconteceu recentemente comigo no município de Pureza (RN)

No início da tarde do dia 20 de novembro de 2011, quando eu, minha esposa, nossa filha mais nova e nossa cadela Meg íamos em nosso carro familiar para Touros (RN), via a sede do município de Pureza, por um milagre (e/ou muita sorte) não morremos a bala, vítimas da ação de perigosos bandidos que tentaram violentamente parar e tomar de assalto (roubo) o nosso carro, num trecho não habitado de uma estrada de terra que liga as localidades de Bebida Velha e Cana Brava (ambas em Pureza), distante aproximadamente 90km de Natal. Analisando as circunstâncias, só um milagre explica os poucos danos sofridos. Saiba mais detalhes a seguir.

Era 10h do citado dia, quando saímos de Natal com destino à Touros. A viagem não foi planeja. A ideia veio duas horas antes da partida.  Há mais de 20 anos não fazia esse percurso.

Às 11h30min estávamos na sede do município de Pureza, tomando um rápido banho no famoso olheiro d'água de Pureza. Ás 12h saímos com destino a Cana Brava (localidade onde nasci), na esperança de almoçarmos em companhia da querida família de José Brito. Minha filha insistiu e conseguiu que a mãe fosse com ela no banco de trás do nosso Gol G4, vermelho, em estado de novo, mudando a configuração comum da viagem.

Às 12h, ao passarmos pelo pequeno povoado de Bebida Velha, minha filha deita com a cabeça no colo da mãe, dormindo em seguida. Dez minutos depois, quando estávamos a aproximadamente  5,5 km de Cana Brava, numa local deserto de habitações, avistamos um veículo pálio na direção contrária que, ao verem nosso carro, tomaram o cetro da estrada num sentido de colisão. Minha esposa chamou-me a atenção sobre a arriscada manobra do veículo a frente, supondo dirigido por alguém alcoolizado. Para nossa surpresa, ao ficarem perigosamente mais próximo, subitamente frearam o veículo no meio da estreita estrada e abriram as quatro portas no sentido óbvio de bloquear a passagem. Maior susto veio em seguida quando foram saindo quatro homem empunhando fuzis e pistolas.

A cena aconteceu super rápida e mais rápidas ainda foram minhas indagações em pensamento: Será um crime encomendado e nos confundiram com outro carro ou pessoa? Será que é um assalto? Será que vão violentar minha esposa e minha filha de 9 anos? Será que tenho alguma chance de escapar? Nesse instante, decidir tentar escapar e, em voz alta pedi: - Deus nos ajude!! e, em seguida, acelerei jogando parte do carro sobre um barrando de uns 50cm de tabuleiro e outra parte próximo ao carro dos bandidos, no lado do motorista, forçando-os a entrarem no carro. O nosso carro conseguiu subir e andar uns 6m sobre o barranco e, em seguida, quando busquei descer e retornar a estrada o nosso carro quase capotou. No momento que alinhei o carro ouvi vários tiros atrás de nós e o som de uma ou mais tocando nosso veículo. Foi quando o motor do carro começou a perder força e morreu não querendo mais pegar. Nós estávamos a aproximadamente 60 a 80 m do veículo dos bandidos.

Enquanto tentava sem sucesso fazer o carro pegar, observava pelo retrovisor os bandidos se aproximando. Nesse momento, minha esposa relata que nossa filha fora atingida por uma ou mais balas, pois estava sangrando na região do quadril, mesmo ainda deitada. De súbito, ergui minhas mãos e coloquei-as no campo visual dos bandidos e gritei para pararem de atirar. Em seguida, dois dos bandidos, um mascarado e outro não, aproximaram da lateral do carro e anunciaram o assalto, dizendo que queriam o carro.  Minha esposa, no desespero, jogou para fora do carro uma bolsa infantil, mas eles gritaram que queriam o carro. Falei a eles, sem fitar nenhum deles em momento algum, que o carro tinha morrido e que não queria mais pegar. Minha esposa chamou a atenção do mascarado e mostrou que nossa filha tinha sido atingida e estava sangrando. O mascarado então falou para o comparsa para irem embora pois o carro não prestava mais. O bandido com o fuzil pediu a chave do carro e eu expliquei que não era necessário pois o carro não ligava mais. Ele gritou que queria e ameaçou matar a todos. Entreguei a chave rapidamente. Dava para ouvir minha filha orando em voz alta, o que não era uma coisa comum. Os bandidos foram embora, pegaram o carro deles e seguiram no sentido de Punaú. Só assim sair do carro para pedir socorro.

Corri para o lado de Cana Brava, como erá mais longe, mudei para o lado de Bebida Velha, pois não era tão distante. Ouvi vozes vindo da mata e em seguida vi dois motoqueiros
saindo de uma trilha. Gritei pedindo ajuda e, como me viram só, aproximaram e eu contei que tínhamos sido vítima de bandidos e que minha filha estava ferida. Perguntei se eles poderiam ir a Cana Brava chamar alguém da família Brito para nos socorrer. Um dos motoqueiros voltou pra trilha e retornou acompanhado de um carro que prestou socorro. Levou minha filha e minha esposa, sua mãe, que é enfermeira. Depois fiquei sabendo que em Cana Brava a família Brito assubiu o socorro, levou-as até o hospital de Touros. 

Um outro carro que passava na estrada, também foi solidário, rebocou nosso carro até Cana Brava. Lá, soubemos que minha filha tinha recebido os primeiros socorros e, numa primeira análise técnica, mesmo apesar de não perceberem maior gravidade, decidiram encaminhar a paciente para o Pronto Socorro Clóvis Sarin em Natal para exames e procedimentos mais adequados. Ficou claro que apenas uma bala transpassou (penetrou e saiu) tecidos menos críticos da região glútea da criança. O que nos tranquilizou. Soubemos também que a polícia já estava a caça dos bandidos, pois eles teriam praticados vários roubos e atos super violentos na sede do município de Parazinho(RN), inclusive, tinham assaltado a delegacia, a lotérica e vários mercadinhos. Depois de se frustarem com a falha na aquisição do nosso carro, conseguiram  roubar em seguida um veículo Ford EcoEsporte, continuando a fuga.

Ainda em Cana Brava verificamos que a bala tinha atravessado longitudinalmente o veículo, transpassando da tampa da mala até o painel, quando, ao perfurá-lo, cortou vários fios, o que provocou a inatividade do carro. Encontramos o projétil. Todos que a viram e tinham conhecimento de arma de fogo, não tiveram dúvida em dizer, era de uma pistola 0.40. Só em ver onde a bala percorreu o carro, atravessando também os encostos dos bancos do carona dianteiro e o traseiro, na altura do tórax, onde meia hora antes mãe e filha estavam, dá um frio na espinha e fica a certeza e a gratidão de que Deus operou ali, mesmo que indiretamente.

Alguns motoristas de muito tentar conseguiram unir os fios certos, mesmo sem tirar o painel, e fizeram o carro pegar.  Depois que eu e a cadela Meg almoçamos, agradecemos  a todos e retornamos a Natal. Ao passarmos em casa para deixar a cadela e trocar de roupa, recebemos a ligação que minha filha estava bem e que já estavam retornando para casa em carona com a tia, irmã da minha esposa.

Três dias depois, recebemos a visita de um major e um capitão que chefiavam uma equipe de perseguição dos bandidos. Eles tinha conseguido chegar a Natal e tinham escapado. Pediram para que relatássemos todo o ocorrido. Assim o fizemos. Mostraram algumas fotos de suspeitos, todos de alta periculosidade e foragidos da prenitenciária de Alcaçus. Não reconhecemos nenhum, pois não fitamos os bandidos. Disseram que as câmeras do circuito interno da lotérica assaltada captaram as imagens dos suspeitos.
O mesmo depoimento fizemos na delegacia especializada. Os oficiais foram unanimes em dizer, pela ficha corrida dos bandidos e pelo nível de alta violência que empregaram nas abordagem de Parazinho, foi um milagre não terem matado todos do nosso carro, especialmente, por que não paramos e oportunizamos o dano no carro que pretendiam subtrair. O um milagre explica o desfecho.

A partir de agora, todo dia 20 de novembro será comemorado o nosso renascimento.

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