MPF/PB fez fechar o complexo turístico Praia do Jacaré

Quem nunca foi ver o Por do Sol num dos restaurantes sobre palafitas na badalada e turística Praia do Jacaré, em Cabedelo, Paraíba, e ainda presenciar Jurandy do Sax executando o clássico Bolero de Ravel enquanto navega em uma canoa nas águas estuarinas do Rio Paraíba, não terá mais essa oportunidade, pelo menos como se conhecia até pouco tempo. O motivo é o Ministério Público Federal conseguiu que a justiça reconhecesse a irregularidade jurídica e ambiental do complexo turístico Praia do Jacaré e ordenasse não só seu fechamento para adequação, incluindo, a demolição de todos os restaurantes em palafitas e seus acessórios, que era o "charme especial" do complexo infrator. A principalmente irregularidade ambiental encontrada era a ocupação permanente de parte de uma APP- Área de Preservação Permanente, que seria a margem e parte do estuário do Rio Paraíba, com uma atividade privada possível de ser efetivada fora desse ambiente protegido por Lei. Além disso, o espaço é terreno da União.

Segundo Jurandy do Sax, estrela e catalizador do complexo Praia do Jacaré, em entrevista a Jô Soares em 2011, esse complexo turístico nasceu por volta do ano 2000 e já era nos cinco últimos anos o principal produto turístico da Paraíba e sustentava mais de duas mil pessoas.

Com base nesse depoimento, deduzimos que o fechamento do complexo deve ter causado forte impacto negativo na economia e no mercado de trabalho local, especialmente, vinculado ao turismo. Visando abreviar esse impacto socioeconômico e ainda conseguir manter vivo e forte o poder de atração do Por do Sol Cultural na Praia do Jacaré, tem havido um esforço conjunto governamental, empresarial e comunitário em desenvolver e implantar o mais rápido que possam um novo e adequado complexo para a Praia do Jacaré. Atualmente, o projeto já existe, passou pelo crivo do MPF e em julho de 2015 foi apresentado a imprensa e a comunidade em julho de 2015, com o nome de Parque Jacaré.
Segundo informações da imprensa local, o novo complexo vai ser construído em etapas, conforme a disponibilidade financeira. será iniciado com as adequações ambientais e urbanísticas do trecho de orla a ser ocupado pelo parque, seguido da construção da Praça de Eventos, do Centro de Artesanato e de lojas de Serviços. Por último, serão construídos quatro restaurantes. Esses, que demandam mais recursos (ainda não garantidos) ainda não tem previsão de instalação e funcionamento, mas já se sabe que a operação dos restaurantes e de algumas lojas será feita por ganhadores de uma licitação a ser aberta.

 O sucesso do velho complexo Praia do Jacará bem que estimulou muitos governos e empreendedores a pensarem projetos similares em suas terras. Em Natal, por exemplo, tentaram colar na agenda turística da cidade um Por do Sol Cultural no Iate Clube. Mas, parece que não colou. Penso que,  numa cidade do porte de Natal, que usa como perfil principal turismo de praia e sol, nenhum serviço de bar e restaurante isoladamente dificilmente garantirá por muito tempo seu Por do Sol como favorito numa agenda turista. No máximo, enquanto for visto como novidade e bem frequentado por residentes, atrairá sim um significativo número de turistas, quando bem assessorados. Quando o natalense perder o encanto pelo local/atração, o empreendimento não se sustentará, cai a qualidade e fecha suas portas.

Assim,  a viabilidade dos comerciantes no Iate Clube, Mercado do Peixe, Mercado das Rocas,  futuro Complexo da Rampa, Terminal de Passageiros, complexo Rua Chile e vizinhanças só terão mais chance de sucesso social e comercial se forem enxergados e conectados como um só complexo e que tenha uso de modais que facilite a mobilidade dos clientes entre os empreendimentos, além de segurança. Nesse sentido, é importante terem um bom passeio público (calçada), ciclovia e serviço de bicicleta pública ou de aluguel e até um bonde sobre trilhos interligando-os.


Comentários