Relato de um quase afogamento


Sandra Queiroz

Relato de um acontecimento com meu amigo prof. de Hidro na Praia do Forte, Milton França Jr...

Nesta terça, mesmo com o tempo nublado e pós chuva, fui dar meu treinamento e um aulão de hidroginástica. Ao Chegar ao piscinão natural da Praia do Forte recebi a noticia de que uma pessoa tinha sido dragada pela correnteza e estava depois dos recifes, com risco de afogamento. Observei que haviam várias pessoas próximas e acima das pedras olhando uma pessoa a deriva no mar. Percebi que uma dessas era o professor de natação André China, que tentava sem sucesso vencer as fortes ondas sobre o paredão de recifes para efetuar o salvamento. Retornei correndo ao meu carro é peguei um fecho de macarrão flutuante, envolto em fitas plásticas, que seria doado aos alunos do aulão de hidroginástica naquele dia, numa parceria com Joelson Bugila. Corri e nadei para o paredão de recifes, para perto do professor China. Vi melhor o homem no mar e vi também que logo que seria muito arriscado tentar transpassar o paredão naquele ponto. Andei pelo paredão de pedras pontiagudas até a fenda que por onde foi dragado o cidadão e muitos outros, em diversas épocas, inclusive, a poetiza Zila Mamede. A transposição dos recifes foi árdua, pois acabei sendo jogados pelas ondes sobre as afiadas pedras, desenvolvendo vários ferimentos superficiais. Mesmo ferido, alinhei-me na fenda e entreguei-me a forte correnteza, que me transpassar as pedras e as fortes ondas e me aproximou da pessoa em perigo. Nessa aproximação reconheci que o cidadão era o companheiro de praia Celso Veiga. Percebi que estava calmo, o que ajudou muito a aproximação e a entrega dos flutuadores e das informações para otimizar seu uso. Celso declarou que estava bem, mas que começava a aparecer câimbras. Orientei como combatê-las e que deveríamos aguarda o resgate por uma embarcação. Com 20 minutos aproximadamente chegaram a nado 04 Guardas-Vidas Militares, com uma única prancha, que melhor acomodou o Celso. Ficamos assim, tendo a Arena do Fifa Fan Fest (de 6,5 milhões de dinheiro público) a nossa vista e um mar agitado nos empurrando para perto da foz do Rio Potengi, esperando por mais meia hora pelas lanchas, uma dos bombeiros e outra da Marinha, que resgatou a todos e nos levou até a Redinha. Onde fomos avaliações e, por nossa vontade, levados de ambulância até nossos carros, que estavam na Praia do Forte. Vi que os macarrões e a vontade de ajudar oportunizaram salvar uma vida. Mas, a situação mostra que o poder público é omisso ao não equipar com medidas de segurança, inclusive, aquática, uma das melhores praias de Natal, local do Fifa Fan Fest. Nos projetos EcoParque ZPA7 e Escola Móvel 3 sugerimos ideias que ajudariam na solução de vários problemas locais.”

Celso Veiga

Somente agora, refeito do susto pude agradecer pessoalmente ao professor Milton França Jr. Ontem depois do ocorrido como relatado por ele, passei a tarde toda pensando como nossa vida é frágil. Estava muito cansado, mas não conseguia dormir. A cena daquela quase tragédia, não saía da minha mente. Queria entender como tudo tinha acontecido. Cresci frequentando aquela praia. Passei várias manhãs de domingo com meus pais, da Praia do "Y" (no RO) até o Poço do Dentão na Praia do Meio. Desde pequeno, sempre soube da existência daquele canal. Os perigos que se acentuam na maré alta (ontem naquela hora foi exatamente a preamar de 2,3 acrescida de muito vento pela influência do tempo chuvoso). Sabia que essa corrente se acentua quando começa a baixa-mar. Sabia de tudo isso... Só não sabia que poderia ter acontecido comigo. Conheci de perto a força do mar e a impotência do homem diante da natureza. Vi que toda minha experiência e conhecimento eram insuficientes para vencer aquela correnteza e a arrebentação das ondas que se chocam com os recifes. Depois de lutar por mais de meia hora e perceber que não teria chance de retornar a praia (quanto mais me aproximava das pedras mais sentia medo de me machucar pelo impacto das ondas), mudei de rumo e comecei a nadar no sentido do Forte do Reis Magos. Sabia que seria um longo caminho mas talvez o mais seguro, quando de repente verifiquei que havia uma movimentação nas pedras e que uma pessoa se aproximava com um feixe de macarrões (equipamento usado para a hidroginástica) no sentido de me resgatar. Em função da arrebentação, percebi de longe a dificuldade daquela pessoa em chegar até uma pedra em que pudesse mergulhar na minha direção. Mantive a calma e procurei poupar energia. De repente, como uma mão de Deus, aparece o professor "Anjo" Milton pilotando uma improvisada embarcação, segura nas minhas costas e diz: "estamos juntos Velho e vamos sair dessa". Só nos restava esperar o resgate. Vinte minutos depois apareceu o Cabo Bombeiro Bueno, a bordo de uma prancha e poucos minutos depois mais dois mergulhadores da Guarda Nacional com sinalizadores e flutuadores. Estávamos salvos. Depois de tudo isso, ficou para mim, algumas lições, mas talvez a maior delas é de que existe na vida pessoas como o "Anjo Milton". Gente disposta a ajudar, mesmo nas condições mais adversas. Não tenho palavras para agradecer, mas gostaria muito de compartilhar essa experiência com meus amigos aqui do Face. Mostrar para todos que, numa época em que estamos diante de tanta incredulidade, de tantos valores invertidos, ainda existem pessoas da qualidade de um Professor Milton o que nos deixa um pouco de alento, de que o bem pode superar o mal e que talvez um dia o ser humano possa entender o real sentido da vida.

Milton França Jr.

Parabéns Celso Veiga por manter-se psicologicamente controlado mesmo diante de uma situação tão crítica. O maior temor de quem tenta resgatar uma pessoa em risco de afogamento é de ser usado violentamente como objeto de apoio para flutuação. Mesmo pessoas com grandes habilidades natatórias podem afogar-se e afogar quem tenta resgatá-lo por puro descontrole emocional e uso extremo do instinto de sobrevivência. O grande estresse nesse tipo de situação instala precocemente ampla fadiga muscular, desequilíbrio eletrolítico e muitas câimbras. Seu correto comportamento facilitou muito o resgate. Parabéns!!. Quanto ao título de Anjo, digo-lhe que ainda estou longe de ser merecedor, pois o processo de anjificação é longo e estou na fase inicial...rsrsrs. Penso que quando nos colocamos regular e facilmente como instrumento da vontade de Deus, estamos cumprindo uma das tarefas principais. Certamente você ficará mais sensível e disposto em ajudar o próximo agora. Nessa perspectiva já o convido a fazer parte de um crescente e aberto coletivo que deseja transformar a área civil da Zona de Preservação Ambiental 7 (Praia do Forte de Natal) num parque público multifuncional e, nele, o nosso piscinão natural numa boa referência de praia acessível, segura, educativa e terapêutica, além de naturalmente bela e prazerosa. Se aceitar, Bem Vindo ao Movimento Mangue Vivo de Preservação Ambiental e Humana. Temos vaga também para o "Grupamento de Aprendizes de Anjo" ...rsrs. Abraço fraterno amigo.

Algumas das idéias e atividades pensadas para a ZPA7

 Proposta nossa de EcoParque Multifuncional
 Mais eclético e esportivo ecoparque do RN 


 
 Um parque também para ciclistas
Os ciclistas apoiam o EcoParque e querem
o parque e suas adjacências cicláveis.

O Programa HidroNaPraia Prof. Milttão será ampliado
e incorporado ao Projeto Escola Móvel Prof. Milttão.

Com recursos próprios, frutos de 15 anos de economia,
adquirimos e estamos adaptando 2 ônibus antigos
para servirem de estruturas de apoio.

Enquanto isso, a atual gestão da Prefeitura de Natal
tenta implantar  um projeto de Resort Náutico em boa
parte da ZPA7, que destrói ecossistemas e
privatiza ampla área pública. Temos que sensibilizar
o Prefeito para desenvolver o EcoParque ZPA7.

Comentários

  1. Meu querido amigo, fiquei muito emocionada com essa história toda. Sou muito orgulhosa em tê-lo como meu amigo. Imagino que deva ter se sentido muito gratificado pela oportunidade de salvar uma vida. Parabéns pela atitude. Estamos juntos, amigo. É só chamar. Abração.

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  2. Muito agradecido amiga Ivana. Ponha na sua agenda uma ajuda aos Projetos EcoParque ZPA7 e Escola Móvel, no Dia 26 de Julho, último sábado, Dia Mundial dos Manguezais. Ainda estamos desenhando a ideia do evento. bjk no coração.

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