Mistério: Capivara é achada perto do Forte de Natal

(Revisada e atualizada às 4h do 21/8)
Nesse sábado, 19/8/17, encontrei morta e ainda "sangrando" uma grande capivara no manguezal próximo ao Forte de Natal, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Meu encontro não foi acidental, fui orientado pelo ex-militar e zootecnista Augusto, um caminhante e nadador habitual no local, que afirmou ter visto uma capivara morta próximo do Forte dos Reis Magos. Sou reconhecido na área como ambientalista protetor da natureza local, por isso muitos procuram-me para relatar casos de animais mortos ou debilitados. Quando cheguei ao local encontrei a carcaça ainda em bom estado, só mexida por curiosos, confirmei que era mesmo de uma capivara adulta, com mais de 50 kg. O achado surpreende pelo fato de que, segundo especialistas ambientais e a literatura, esse animal está extinto no RN faz muitas décadas. Observei que o animal teve boa parte do seu pelo arrancado, possivelmente, raspado com a ajuda de água quente. Contudo, a maior parte da pele ainda estava intacta. O animal "sangrava" um pouco ou expelia uma secreção parecida com sangue, como pode ser visto na imagem a seguir. 
Por @Prof_Milttao
O caso foi acercando-se de mistérios, perguntas e hipóteses. No entanto, poucas respostas aceitáveis certamente serão alcançadas, tamanha a dificuldade de investigação, como podemos perceber no relato que faço a seguir.  
Por @Prof_Milttao
Segundo a literatura consultada, a capivara (Hydrochoerus hydrochaerisé o maior mamífero roedor da terra. É do mesmo grupo dos preás, mocós, cutias e pacas. Pode chegar até 91 kg de peso, 1,2 m de comprimento, 60 cm de altura e viver até 12 anos. Ocorre em quase toda a América do Sul, exceto Chile. Dizia também que não havia mais evidências da presença de capivara na região Nordeste do Brasil, inclusive, no Rio Grande do Norte. (Wikipedia.org/wiki/Capivara)

Contudo, após publicarmos e divulgarmos a primeira versão dessa matéria, algumas pessoas, inclusive, o Bonilha, analista técnico do IBAMA, informou a existência ainda de poucas capivaras numa pequena região no estado da Paraíba, distante mais de 200 km do local do achado. Outras pessoas também fizeram essa referência. Falei com o Tenente Moab da CIPAM - Companhia Independente de Polícia Ambiental e ele desconhece a ocorrência de capivara no RN, seja em cativeiro ou na natureza. Nas minhas andanças de quase duas décadas pelo estuário Potengi-Jundiaí e seu entorno, também nunca tive qualquer notícia da presença de capivara nessa região. Um amigo meu, o Iran, do EcoSitio Gamboa do Jaguaribe, ex-caçador e agora protetor da fauna silvestre nessa região estuarina, também disse desconhecer a presença desse animal nessa região. 

Assim, muitas perguntas e hipóteses surgiram, inclusive, fruto da fértil imaginação dos primeiros leitores, socializadas via Facebook, e aqui resumidas as mais aceitáveis, nessa atualização: 1) Como esse animal ou sua carcaça chegou até o local onde foi encontrado? 2) Qual a real causa mortis? 3Será que foi uma desova (descarte) da carcaça para o matador livrar-se do flagrante de crime ambiental?  4) Teria vindo do 17º GAC, um quartel do Exercito que fica próximo ao local da ocorrência, quando um dos militares, recém transferido para esse quartel, teria trazido a capivara junto com sua mudança e na hora que tentou mata-la e despela-la com água quente, o animal ainda vivo e ferido fugiu e morreu próximo do Forte? Teria a carcaça sido descartada de um barco que passava perto, para livrar-se um flagrante de crime ambiental, e vindo até o local do encontro trazido pela maré alta? Essa última hipótese perde força. pois encontrei o animal ainda sangrando pela boca e não tinha qualquer marca de ataque de peixes e/ou crustáceos. 

Ao que parece, muitas dessas perguntas ficarão sem respostas e as hipóteses não serão testadas, pois Não haverá investigação técnica. Meu principal parceiro de resgate de animais silvestres, o PCCB/UERN - Projeto Cetáceos da Costa Branca, segundo a bióloga Simone Almeida, só atende animais marinhos. A CIPAM, segundo informou o citado tenente, diz não ser de sua competência e sim da DEPREMA - Delegacia Especializada em Crimes Ambientais. Adiantou também que pelas muitas ocorrências e o pouco efetivo, dificilmente a DEPREMA teria condições de efetivar uma investigação. Assim, é provável que apenas tomem registro da ocorrência para compor suas estatísticas. 

Retornei ao local no dia seguinte. Alguns comerciantes ambulantes e dos quiosques do Forte relataram que a PM teria vindo no sábado a tarde e perguntado sobre a capivara e ido até o local. Certamente, em resposta a solicitação da Professora Simone Almeida. Numa busca rápida no local, pois estava com um filho de 4 anos, não encontrei mais a carcaça da capivara no domingo, embora o vento exalasse um cheiro típico de corpo em decomposição. Não pude fazer uma averiguação mais fina no entorno para ver se a carcaça foi enterrada ou apenas transferida para um local não alcançada pela maré. Nessa segunda revisitarei o local.

Mais sobre capivara (Fonte; Wikipedia.org).
capivara (nome científicoHydrochoerus hydrochaeris) é uma espécie de mamífero roedor da família Caviidae e subfamília Hydrochoerinae. Alguns autores consideram que deva ser classificada em uma família própria. Está incluída no mesmo grupo de roedores ao qual se classificam as pacascutias, os preás e o porquinho-da-índia. Ocorre por toda a América do Sul ao leste dos Andesem habitats associados a rios, lagos e pântanos, do nível do mar até 1 300 m de altitude. Extremamente adaptável, pode ocorrer em ambientes altamente alterados pelo ser humano.
É o maior roedor do mundo, pesando até 91 kg e medindo até 1,2 m de comprimento e 60 cm de altura. A pelagem é densa, de cor avermelhada a marrom escuro. É possível distinguir os machos por conta da presença de uma glândula proeminente no focinho apesar do dimorfismo sexual não ser aparente. Existe uma série de adaptações no sistema digestório à herbivoria, principalmente no ceco. Alcança a maturidade sexual com cerca de 1,5 ano de idade, e as fêmeas dão à luz geralmente a quatro filhotes por vez, pesando até 1,5 kg e já nascem com pelos e dentição permanente. Em cativeiro, pode viver até 12 anos de idade.

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