20 alunos de uma escola municipal de Natal entram na história da natação e da educação

Na tarde dessa terça (29/8/2017), 20 alunos de 10 a 12 anos de uma turma de 5º Ano da Escola Municipal Laura Maia, localizada no litorâneo bairro Praia do Meio de Natal, autorizadas por seus responsáveis e/ou acompanhados por seus familiares adultos, além de deliciarem-se com a atividade, entraram, sem perceber, tanto na boa história da natação potiguar quanto da própria rede municipal de educação de Natal, ao participarem de uma vivência aquática educativa e seletiva voltada a orientar e escolher os primeiros 16 alunos do primeiro curso (experimental) "Beabá da Natação em Praia" para alunos municipais, da citada faixa etária, e seus reservas, no cenário da "grande piscina natural", de quase 900 metros, da Praia do Forte de Natal, sob a iniciativa e responsabilidade técnica do professor de Educação Física Milton França Júnior, CREF 000001-G/RN, assessor do SAPEF/DEF/SME-Natal e com o apoio pedagógico da professora Francigleide Souza, titular da turma dos alunos. No texto a seguir saiba mais sobre essa inusitada experiência pedagógica de grande valor histórico, social e esportivo.
Por @Prof_Milttao
O que parecia ser um fato circunstancial de perpetua negação da oferta do ensino prático da natação e outros esportes aquáticos para os alunos da rede municipal de ensino de Natal, a exemplo de quase todas as redes públicas não federais, tanto pelos comuns impedimentos estruturais (falta de piscina nas escolas) quanto pelos percalços financeiros recorrentes (falta de dinheiro para construir e/ou para manter esse equipamento), agora, ao menos em Natal, ao surgir recentemente um fato e proposta nova, o cenário educacional na área em tela poderá mudar significativamente e finalmente a Secretaria Municipal de Educação de Natal poderá ofertar o ensino da natação e de outros esportes aquáticos, a baixo custo, a sua clientela, através de cursos próprios e exclusivos, a serem realizados em ambientes aquáticos naturais, mais favoráveis, tendo a Praia do Forte de Natal e suas adjacências como principal espaço.

Essa inusitada oportunidade pedagógica está sendo elaborada pelo Setor de Ações e Projetos do Ensino Fundamental (SAPEF) da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Natal, através do Projeto Praia-Escola de Educação EcoEsportiva e Ambiental. Nasceu  a partir da sugestão e das experiências do professor de educação Física e assessor pedagógico da SAPEF/DEF/SME Milton França Junior, que, como profissional liberal e ambientalista voluntário, desenvolve aulas hidroginástica e natação em praia desde 1998, na Praia do Forte de Natal.  
Por @Prof_Milttao
A experiência dessa terça (29), que oportunizou a 20 alunos da Escola Municipal Laura Maia a primeira vivência educativa e seletiva de natação em ambiente natural de praia, em local razoavelmente próximo a escola e as moradias deles, ajudou a credenciar 16 deles a fazerem parte do primeiro curso experimental "Beabá da Natação em Praia" para crianças de 10 a 12 anos. O 4 alunos não contemplados ficarão na reserva para preencherem eventuais substituições. A seleção aquática não serviu para escolher os candidatos mais velozes ou mais técnicos, foi justamente o contrário. Foram escolhidos os mais carentes em habilidades natatória. Assim, o que estão na reserva são os mais habilidosos segundo a primeira avaliação. O que facilita a entrada dos reservas sem grandes perdas de rendimento. Essa experiência piloto ajudará na formatação dos cursos regulares a serem oferecidos, a partir de 2018, através do projeto Praia-Escola de Educação EcoEsportiva e Ambiental da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Natal.

Por @Prof_Milttao
A necessidade da aprendizagem da natação e a realidade das escolas públicas não federais

Vale lembrar que quase 71% do nosso planeta é coberto por água, que nossa cidade Natal é quase toda envolvida por muitos quilômetros de áreas de rios, lagoas, estuário e oceano Atlântico e que as praias, principalmente, as marítimas são, seguramente, a principal e mais popular, democrática opção de lazer diurno da cidade, o maior atrativo turístico e o principal espaço regular de atividades econômicas informais nos domingos e feriados. Não podemos esquecer das milhares de pessoas que vivem ou gostam da pesca e, a maioria, necessitam navegar em embarcações de todos os portes, inclusive, as canoas e caiaques.  Também é importante lembrar da existência de muitas áreas que sofrem eventuais e grandes alagamentos causados por fortes chuvas e problemas de drenagens. Assim, uma boa parcela da população residente em Natal convive de alguma forma dentro e/ou próximo desses ambientes aquáticos. Então saber nadar deveria ser uma habilidade muito comum para essa população. Mas, infelizmente, a realidade é bem preocupante e está muito longe da ideal. Nadar não é natural ao humano e, por isso, necessita ser aprendido. Diante de uma necessidade educacional, a população economicamente menos favorecida acaba sendo a mais penalizada pois depende de políticas públicas. E essas nem sempre consegue atender as demandas da sociedade.

Por isso, é raro uma escola pública não federal no Brasil possuir uma piscina como equipamento pedagógico. No Rio Grande do Norte e em sua capital Natal, não há e nunca houve piscina para ensino da natação em nenhuma das escolas municipais e estaduais e não há previsão de ter. Não há e nunca teve também parcerias ou convênios externos, entre ente público e terceiros, buscando criar uma alternativa gratuita para garantir a aprendizagem da natação aos alunos dessas redes públicas de ensino. A educação estadual do RN ainda tem a piscina olímpica do CAIC Esportivo para ofertar o esporte natação, quando essa não está interditada por falta de manutenção. A Prefeitura de Natal jamais teve e não há notícia de dotação orçamentária voltada a ofertar piscina em escola ou favorecer convênios, ainda mais nesse tempo de poucos recursos financeiros e muitas demandas estruturais urgentes. O supra citado projeto Praia-Escola pretende contribuir para mudança positiva desse cenário ao dar uma nova perspectiva de uso pedagógico sustentável aos mais acessíveis recursos públicos naturais e artificiais subutilizados da orla central de Natal e, com isso, começar a preencher gradualmente essa lacuna pedagógica histórica. Por oportunizarem melhor logística de acesso e para facilitar a fase experimental, as primeiras escolas atendidas, prioritariamente, serão as escolas da próximo a orla central, não impedindo, no entanto, atender escola e clientela de alunado municipal que outras regiões que demostrarem interesse em superar a dificuldade de logística.
Praia  do Forte de Natal. Por Autor desconhecido.
A Escola Municipal Laura Maia, gerida pelas professoras Adriana e Conceição, foi escolhida para sediar o projeto piloto do ensino de natação em praia, não só pela sua proximidade com a SME e a orla central, mas também pela ampla disposição que a professora Francigleide Souza e seus alunos de do 5º Ano se colocaram para vivenciar diferentes e enriquecedoras aulas de campo, mesmo sem a facilidade da oferta de transporte. A ampla participação da escola, através dessa turma, nas atividades de campo da Semana do Manguezal 2017, foram positivamente marcante e a credenciaram como ideal para encampar o projeto piloto, que promoverá experiências e conhecimentos a serem absorvidas também pelas demais escolas da rede municipal de Natal. 

Por Autor desconhecido.

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